Todas
as almas femininas foram forjadas no inferno.
O
nome de batismo era João. João da Silva, mais simples impossível. Desde pequeno
acostumado a trabalhar, quando vendia grãos na feira para cooperar com as contas
de casa. Já adolescente, começara seu próprio negócio: uma loja de roupas. Os
lucros cresciam e João, homem, atirou-se nos braços de Lourdes, que gostava
bastante do trabalho de moço. Com o tempo, o mundo via mais o Marido do que a
própria Esposa o via. Por esses anos nasceu Cínthia e Sônia, as gêmeas do jovem
casal. Mais despesas, mais trabalhos. João abriu uma segunda loja, noutro ponto
da cidade. Mais dinheiro, menos amor. Lourdes esfriara com o tempo, por todos
os cantos da casa – que crescia. Ela, pálida, demonstrava a indiferença das
mulheres mal amadas. Enquanto isso os negócios cresciam.
João
percebia, aqueles olhos frios cravavam-se em seu peito gelidamente. Todas as
noites Lourdes dizia-se doente. Quando o Marido passava-lhe as mãos sobre seu
corpo magro, a Mulher encolhia-se, numa recusa solene, e desprovida de
compaixão. João era homem, e apesar disto amava. Mesmo que feio, carregava
consigo a graça dos bonachões e, por onde andava, raras eram as mulheres que
não lhe dirigiam um sorriso. E muito embora o mundo lhe oferecesse a carne, o
homem cozinhava sozinho seu próprio alimento, pelo amor que sentia àquela
mulher. Na noite em que comemorou a inauguração da loja de número dez, João
teve sua mulher pela primeira vez depois de quatro anos. E como Deus é um bom
escritor, neste dia concebeu-se Arthur, o filho mais novo do casal. As gêmeas
contavam sete anos à época.
-
Eu não acho que ele já tem idade pra dormir sozinho, João! – gritava a magra
Lourdes a seu Marido.
-
Como não, mulher?! O homem já tem seis anos, não tem medo de nada, né, filho? –
e ria-se; o menino, inocente como todas as crianças, ria de volta, displicente.
-
E em qual quarto a gente coloca ele? Lá no último quarto não! Não quero ele tão
longe da gente!
-
Põe nesse quarto das meninas, ué! Colado com o da gente, qualquer coisa ele
grita! – e o menino, desentendendo tudo, ria-se muito.
-
Mas vai dar muito trabalho, João!
-
É só pagar, Lurdinha! Não falta é gente pra trabalhar!
E,
de fato, pagaram a dois robustos rapazes para fazerem toda a mudança nos
quartos. Lourdes comprara móveis novos, uma cama grande para o menino, tudo estava
saindo bem, apesar da oposição primeira da Mulher. João queria seu filho perto
dele, mas que não fosse no quarto do casal. Ora, todas as vezes que o Marido
queria algo com a Mulher, ela respondia que não, que o menino estava ali, e
podia ver, escutar... agora não teria mais desculpas!
Acontece
que o plano de João deu bastante errado. Pior que isso. Ele descobriu que sua
mulher era gélida por natureza, daquelas que, com os olhos, desestimulam até o
mais imponente dos homens. Aqueles olhos lânguidos de sofreguidão, as
sobrancelhas caídas, a pele seca e os cabelos descuidados, tudo isso
causava-lhe repugnância mas, homem certo que era, temente a todos os santos,
não ousava procurar em outra a solução do seu empasse. A igreja tornara-se, então,
o seu único divertimento. A carne engana o amor. No desespero de alegrar a
mulher, de fazê-la feliz, João pensou em milhões de maneiras de satisfazê-la:
começou pelos presentes, comprou um quadro para a Esposa, talvez ela se
animasse com um Dali na parede, ainda que réplica.
Era
noite de domingo. Lourdes saíra para a igreja com as duas garotas, como sempre.
Arthur brincava no quarto, serelepe. Gritava, cantava, pulava, todos os -avas que uma criança pode produzir, ele
produzia. Da porta, João olhava orgulhoso para o filho. Já crescera e, apesar
de magro, parecia mesmo que iria se tornar um grande homem – era uma espécie de
premonição masculina. Vendo-o bastante suado e cansado, o Pai mandou o filho
tomar banho, tendo sua ordem aquiecida. Neste tempo, João foi a seu quarto,
pois haveria de colocar o quadro na parede, para, enfim, surpreender Lourdes.
Com
a furadeira na mão, calculou bem o melhor lugar e pôs-se a furar os locais dos
parafusos. O primeiro furo foi fácil, os músculos estavam relaxados, ainda. O
segundo furo ficou estranho, um pouco pequeno. Então João resolveu forçar mais
um pouquinho, até que a furadeira, bruta, suavizou de tal forma que um furo foi
formado, de lado a outro da parede. Neste momento Arthur entra em seu quarto para
pôr sua roupa de dormir. Pergunta ao pai, gritando, o porquê do barulho, o pai
responde e, olhando pelo furo, vê seu filho nu, pulando no quarto, de frente a
um espelho grande. João apertava os olhos e prestava atenção nos movimentos do
garoto. O seu corpo franzino, magro e branco, movia-se com leveza e seus olhos,
de quando em vez visíveis, traziam ao Pai uma calma de espírito, uma leveza
esquecida. João já o vira tantas vezes nu, mas não sabia por que estava tão
encantado desta vez. O frágil corpo do menino se cobria e, quando percebeu,
João segurava a furadeira com apenas uma mão, enquanto a outra repousava sobre
seu dócil músculo.
Não
descrevo aqui o tormento do pobre João por não poder fazê-lo em igual
intensidade. Basta dizer que a traição parte de nós. Naquela noite, o Homem traiu
o Pai.
Lourdes
não queria mais nada, reservava-se agora apenas para Deus. A Casa de Deus era o
único lugar que lhe dava prazer, agora. Ia quase todos os dias à igreja, e
demorava-se; chegava até mais alegre, sorrindo fácil. Às vezes levava junto as
gêmeas, quando podiam. Os elogios ao padre, que falava tão bem, que portava-se
tão bem, que “respirava com elegância”, como dizia, não paravam, e isso
perturbava ainda mais o Marido atormentado. Quando metia-se na igreja, saia
apenas quando sentia-se satisfeita. No outro domingo, João, após Arthur tomar
seu banho, relutou para não espreitar o Filho, mas quando o espírito torna-se
fraco, devido à fraqueza do corpo, o homem não permite-se aguentar. E como se
Arthur estivesse mais gracioso, João acomodava-se, apoiando o olho melhor para,
através do furo extra que fez entre os furos necessários do quadro, olhar seu
filho nu. João apagava a lâmpada de seu quarto, de maneira que o furo, pequeno,
fazia-se imperceptível. Quando Arthur colocava a roupa, João, ofegante, descansava
o braço.
No
dia seguinte, João desmarcou todas as reuniões e compromissos: foi ter com o
padre. Ele tinha que desabafar com alguém, e nada melhor do que realizar este
ato junto a uma pessoa que tem de, por dever, manter o silêncio. Chegando na
igreja o padre assustou-se. Assim que João falou o que queria – se confessar –
o padre, já com um semblante mais calmo, pediu que Homem fosse ao
confessionário e o esperasse.
João explicou tudo o que se passava, desde a gelidez da
Mulher até a execrável cobiça para com o filho. Dizia que, embora não quisesse
mal ao menino, sua atual “situação carnal” – e usou este mesmo termo –
obrigava-lhe a realizar tal abominação. E pedia perdão variadas vezes, chorava,
dizia-se um demônio. O padre, em silêncio, acompanhava calmamente o martírio do
Homem. Por fim, o sacerdote falou-lhe da gravidade de seus atos e mandou João
rezar algumas tantas orações. João chegou em casa pálido.
-
Ué! Você não foi trabalhar hoje? – perguntou Lourdes, na cozinha, com seu
vestido de estampas indianas e cabelo arrumado.
-
Ia, mas não estou bem, Lourdes, não estou bem. – respondeu João, esperando a
preocupação da Esposa.
-
Bem, a comida já está quase pronta. Já já você coloca o seu e pode comer, não
vou almoçar agora.
-
E pra onde você vai?
-
À igreja. Aproveito e rezo pra você melhorar. – riu e caminhou em retirada.
-
Acabo de vir de lá. – a Mulher parou.
-
Foi? Foi fazer o quê? – falou rápido, como que se desengasgando.
-
Fui falar umas coisinhas com o padre. Vou pro quarto. – e retirou-se. Lourdes
saiu um pouco pálida, devia ser de preocupação para com o Marido.
João
passou a semana cabisbaixo, não admitia-se. Repugnava-se. A pior decepção que
um homem pode ter é consigo mesmo. Mas enquanto crucificava-se, a imagem do
filho nu vinha-lhe à mente. Vinham-lhe as pernas nuas, as costas lisas a pele
branca, os olhos pios; viam-lhe perturbá-lo a cada instante. No domingo
seguinte, mais uma vez Lourdes e as garotas foram à igreja, enquanto em casa
Arthur ficava à sós com o seu pai. Por quatro semanas os banhos, o quadro
retirado e os braços cansados se repetiram.
Todos
notavam o abatimento de João. Lourdes, por outro lado, ganhava um ânimo
especial, embora encarasse o marido de uma forma diferente, mais feral. À mesa,
os cinco jantavam tranquilamente, embora nenhuma palavra fosse pronunciada. As
meninas passariam semanas sem falar com o Pai, caso não precisassem de
dinheiro.
Com
o passar do tempo João aceitara-se mais e a imagem do filho já não lhe
incomodava. Entretanto, num domingo de maio, quando sentia-se à vontade
aproveitando o minuto que o filho brincava sem roupa ouviu um estalo na porta
da frente e o barulho de quatro pés invadindo o quarto rapidamente.
Cínthia
e Sônia derrubaram o pai na cama que, resistindo tentava pôr-se novamente de
pé. O sexo, rijo sob o calção, não impunha muito respeito de Pai, mas enquanto
Homem. Sônia foi até à porta e a trancou. As luzes acesas. As garotas, mudas,
iniciaram um beijo molhado, roçando as línguas ansiosamente em movimentos
felinos. João, sem entender, perguntava o que significava aquilo, mandando
parar, tentando levantar, mas a vontade de Homem sobrepunha-se à racionalidade
de Pai, e ele entregou-se.
Sônia
despia Cínthia calmamente, retirando as alças dos ombros, enquanto os vestidos
caiam, lambendo o corpo. Os corpos magros, idênticos. João revia Lourdes nas
filhas. As barrigas secas, planícies macias, em que as línguas deslizavam,
molhando o solo brando e trêmulo. Os olhos negros entrecruzavam-se e João,
entregue ao demonismo do momento, acariciava-se – pois não colocaria a mão em
filho seu, era sujeito homem! E as garotas olharam para o Pai.
Jogando-se
em cima do corpo rígido do Homem, Cínthia beijou-lhe a boca, para espanto de
João, que não resistiu. A língua molhada da filha enchia-lhe a boca, enquanto seus
seios juvenis, ainda miúdos mas pontudos, roçavam em seu peitoral veterano.
Todavia, mais macia que a língua de Cínthia foi a de Sônia quando envolveu o
músculo que lhe deu a vida. A garota segurava-lhe, com as mãos, a parte terna
do sexo do pai, e com a boca, a parte hirta. As gêmeas estavam possuídas, diria
o padre! A luz do quarto de Arthur apagara-se.
Cansada,
Sônia troca de lugar com sua irmã, e esta continua a empreitada daquela. Agora
é uma outra boca, macia e no entanto mais firme. Sugava o pai com um quê de
saudade. Sônia pôs-se de pé e abaixou-se lentamente, até que seu sexo
encontrasse os lábios frios de seu pai, que aceitou a proposta e sorveu com
força a macia flor de sua filha, acariciando com a língua cada pétala. Cínthia,
cansada de brincar com a boca, empenhou-se em sentar animalescamente no Homem,
enquanto este afagava o sexo de sua irmã. A pequenos pulos, Sônia cavalgava em
João, que via-se pronto para ejacular em sua filha. E aconteceu. Sônia
levantou-se e perguntou ao Pai se ele aguentaria mais uma vez, ao que ele
respondeu prontamente, com a cabeça, que sim. Neste momento Sônia deitou-se,
abrindo as pernas para que seu pai a possui-se olhando-a nos olhos, enquanto
Chíntia abaixava-se, semelhante ao movimento que Sônia havia feito há pouco com
João, para que a irmã engolisse os restos de seu pai. O Homem começou num ritmo
forte, parecia desesperado, mas com um sorriso que desmentia a loucura natural
do momento. Ao passo que Sõnia beijava o sexo de Chíntia, esta, de frente pro
pai, buscava-lhe a boca. E ficaram neste triângulo até que, pela segunda vez, o
Pai ejaculou na Filha. Arthur descobrira o furo assim que apagara a luz de seu
quarto.
Os
três deitaram ofegantes na cama e assim ficaram por dois minutos. Cinthia
levantou-se, em seguida Sônia. Puseram as roupas. Arthur agora chorava baixo em
sua cama. João mudo, olhando as filhas vestirem-se. Apesar da pouca idade as
meninas sabiam como fazer um Homem feliz. Abrindo a porta para sair, Sônia olha
para o pai e diz, sorrindo:
-
Imagina se você tivesse isso todo dia? Ia ser bom, né, pai? Bem, pelo menos o
padre disse que é!
Com
três dias João foi encontrado morto em casa.
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